Faltou dinheiro para pagar os estudos? Veja o que fazer

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Desemprego em alta, inflação pressionada e todo o cenário de crise que você tem sentido na pele já batem na porta da educação, o setor que costuma ser prioridade entre as famílias. Tanto escolas privadas, quanto faculdades particulares, têm realizado feirões de negociação de dívidas e criado diferentes formas de cobrar as mensalidades de alunos, usando até o WhatsApp e o Facebook.

“Fazemos o máximo para que os alunos consigam se manter estudando”, diz Flávio Reis, gerente sênior de cobrança da Kroton, o maior grupo de educação do Brasil, que agrega faculdades e escolas.

Com o aumento dos atrasos no pagamento das mensalidades, a rede de ensino procurou se aproximar dos alunos, criando canais de negociação na internet e realizando eventos para acertar as contas. Descontos na mensalidade dificilmente são concedidos, mas alunos têm conseguido negociar o parcelamento das dívidas e reduções nos juros.

Em 2015, no ensino superior, a quantidade de alunos inadimplentes – que ficam mais de três meses sem pagar a mensalidade – cresceu 16,5% em comparação ao ano anterior, segundo a Serasa Experian.

Neste ano, as matrículas em faculdades privadas caíram 15% no estado de São Paulo, o que representou 74 mil alunos novos a menos no primeiro semestre de 2016, de acordo com o Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp).

A inadimplência nas escolas particulares cresceu 22% no ano passado em relação a 2014, segundo a Serasa Experian.

Muitos pais têm trocado as crianças de escola, transferindo os filhos para escolas mais baratas ou públicas, como observa Benjamim Ribeiro, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieesp). “Tem que haver cumplicidade entre a escola e a família, por isso orientamos que os colégios estejam abertos para negociar.”

Aprenda a negociar para bancar a escola ou a faculdade

Quem está com dificuldades para pagar a escola ou a faculdade deve fazer uma profunda revisão do orçamento para enxergar onde é possível cortar gastos. “Não adianta manter o carro na garagem, o clube e a viagem se a pessoa não consegue bancar os estudos. É preciso rever os hábitos e determinar o que é essencial na vida”, avalia o educador financeiro José Vignoli, do SPC Brasil.

Se mesmo assim for preciso atrasar a mensalidade, é recomendável procurar a instituição o quanto antes para tentar negociar descontos ou o parcelamento da dívida. “A negociação precisa ser sincera. Chegue com números e com argumentos plausíveis”, orienta Vignoli.

No caso das faculdades, o educador do SPC também sugere que o aluno se esforce para tirar boas notas e se ofereça para trabalhar na instituição ou fazer trabalhos voluntários, o que pode ajudá-lo a receber um voto de confiança de que ele irá arcar com seus compromissos financeiros.

As escolas e faculdades, no entanto, não são obrigadas a negociar a dívida. Se não há chances de barganhar e nem de manter as mensalidades da faculdade em dia, a recomendação é abandonar os estudos. “É triste e frustrante, mas a realidade está batendo forte e a prioridade é a sobrevivência. Entre perder a casa ou o curso superior, opte pelo segundo”, sugere Vignoli.

Conheça seus direitos antes do seu nome ir parar no Serasa

As instituições de ensino privadas podem informar que o aluno está inadimplente aos serviços de proteção ao crédito, como SPC e Serasa, mas antes precisam comunicar os estudantes e dá-los a chance de pagar, como explica Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste).

As organizações também não podem expor que o aluno está endividado em murais, nem por meio de recado na agenda das crianças. Além disso, o estudante pode ser impedido de fazer a rematrícula, mas tem o direito de continuar frequentando as aulas até o final do semestre ou do ano, mesmo sem pagar.

Fonte: Exame